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terça-feira, 17 de novembro de 2009

De foca para peixe


Por Nayara Alves

Prazer! Meu nome é Mônica. Fiz faculdade de jornalismo e acreditei que seria moleza entrar no mercado de trabalho. Parece loucura pensar assim, mas eu tinha esta idéia porque pensava que a vantagem de ser um “foca”, estava na cabeça fresquinha, engano meu!
Depois de tanto sair nas ruas procurando emprego na minha área, de ouvir “não!”, é que me dei conta que o mercado não esta lá estas coisas. Um dia destes Deus ouviu minhas orações e o telefone tocou.
- Alôoooo! respondi com voz cansada.
-Oi, bom dia!
- gostaria de falar com a senhora Mônica.
- pois não, é ela.
- senhora Mônica, seu teste foi aprovado e na segunda a senhora fará apenas uma entrevista que renderá sua chance para o cargo.
Nem disfarcei a alegria de ter conseguido o emprego e logo soltei aquele grito aterrorizante.
- huuuuuuuuuuuuuuuuull! Obrigado meu Deus! Obrigado!Desculpa-me, é que eu precisava muito desta chance.
- Tudo bem! senhora Mônica, te aguardamos na segunda.
Aproveitei o final de semana antes de começar no meu novo emprego e fiz algumas comprinhas, além de empanturrar-me de tanto comer chocolates, o resultado foi visto naquela manhã de segunda-feira. Acordei super disposta, até o momento em que me olhei no espelho.
- Não! Não, meu Deus o que está acontecendo? Que rosto é este? Eu estou horrível! Como vou me apresentar no meu novo trabalho?
Depois de ficar horas e horas pensando, tentei mudar a situação colocando um quilo de pó no meu rosto. Um batonzinho ali, uma pincelada de maquiagem aqui... Pronto! Se eu estava nervosa? Ah... Com certeza. Minhas mãos estavam frias e eu estava muito ansiosa para trabalhar como jornalista.
Maldito ônibus que atrasa todos os dias! Depois de descer no centro da cidade fui caminhando como uma louca até o prédio da empresa. Para melhorar ainda mais as coisas, um idiota veio no sentido contrário e deu aquela “topada” em mim. O resultado? Eu estava estirada na calçada com a saia rasgada, aquela saia mais justa que eu inventei de vestir.
- O que mais falta para acontecer?
Levantei-me depressa e terminei de rasgar a saia. Ta certo! O modelo ficou diferente. A saia que era justa e abaixo do joelho, foi parar três palmos acima. Depois de xingar o cidadão inconveniente, peguei minhas coisas no chão e prossegui. Entrei no prédio parecendo uma baratinha tonta e logo perguntei a recepcionista onde era o departamento de recursos humanos. Com aquela cara de “paisagem”, ela me mostrou o local e eu fui me apresentar.
Todos ficaram olhando para mim. Será que era saia? Fiquei me perguntando. Será que estava curta demais? Depois de conversar com a mulher que havia me ligado então fui encaminhada à sala do diretor. Parecia uma sauna aquela sala, não porque era quente, mais por conta da fumaça e do terrível cheiro de cigarro.
Com as pernas esticadas em cima da mesa e o charuto na boca, o mesmo permaneceu intacto, somente seus olhos se mexiam. Fui acompanhando aquele olhar, até identificar que eles estavam direcionados para minhas pernas.
-Bom dia! Sou a Mônica, a nova jornalista da redação.
-Tudo bem! Sente-se, vamos esclarecer algumas coisas antes de você começar.
Para falar a verdade eu não gostei nada daquele sujeito mal encarado.
- Então, a senhora sabe quais são os princípios fundamentais para se trabalhar em qualquer empresa?
- Sim. Seria conhecer a política da empresa?
- Correto, mais existem outros princípios. Sente-se segura para exercer seu primeiro trabalho como jornalista?
- Sim. Estou disposta a aprender e doar o máximo de mim.
Mais uma vez aqueles olhos se direcionavam para minhas pernas, e eu nem me movia, fingi que não percebi o olhar dele, que agora se fixava nas minhas coxas.
- Bom! Senhora Mônica, é importante deixar claro que, os “focas” em nossa empresa têm a chance de crescer, de se destacarem como bons profissionais. O camarada entra aqui um foca e sai daqui um peixe, com capacidade para nadar em lugares mais profundos.
Profundos? Este cara está falando do quê?
- A nossa empresa assim como qualquer outra, avalia o currículo, os testes de capacitação que aqui são aplicados, mais um fator é preponderante e tendo algum problema neste requisito, consideramos fatal.
- Que fator seria este senhor?
- O cartão de visita.
- Tem algo de errado em mim senhor?
- Bem... Acho que seria melhor a senhora lavar os joelhos em outro lugar.
Sai daquela sala querendo me matar. Na verdade eu gostaria de encontrar aquele cidadão infeliz que me derrubou no chão. A minha aflição e ansiedade para chegar logo na empresa foi tanta, que não percebi mais meus joelhos estavam imundos, agora você me pergunta de quê? Posso te dizer que odeio cachorros.


obs: pessoal este texto é aleatório as atividades solicitadas pelo professor Minuzi. Porém se trata de mais um desafio na carreira jornalística, o fato de ser foca e os possíveis conflitos a ser enfrentados no primeiro dia de trabalho.

6 comentários:

  1. Tem algo de errado em mim senhor?
    - Sim. Tem muita coisa errada em você. Primeiro, não se percebeu. Nem mesmo notou que estava suja .
    - Me desculpe! Já estou me retirando daqui!!! Lamento o ocorrido...
    - Não precisa se desculpar. Aliás quero dizer que você conseguiu me deixar perplexo...Tenho uma pergunta a fazer: o que de fato aconteceu???
    Mônica narrou o ocorrido e para sua surpresa obteve a seguinte resposta do chefe:
    - Muito bem! Pela sua determinação em comparecer à entrevista vejo que tem um grande potencial. Agora por favor, vá para casa e aguarde novo contato. Você acaba de ganhar uma nova chance!!!
    - Obrigada senhor e da próxima vez, trarei um espelho!
    Maria Honória Dietz de Oliveira - 3º JO

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  2. heheehhehe éeeeeee honória..vc é boazinha em!!

    Nayara Alves 6º Jornalismo

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  3. Ao passar pela recepção novamente com os olhos todo borrados, maquiagem já havia derretido, saiu tropeçando, quando ouvi uma voz doce, Mônica!!?
    - sim.
    -O diretor pediu que volte na sala dele.
    Ao retornar ele me perguntou onde eu ia? Eu disse que ia embora pois nunca tinha passado por tanto constrangimento em toda minha vida.
    Então ele disse: Não sei o que aconteceu, nem quero saber, vá para casa e reflita se realmente está preparada para este cargo.se você conseguiu chegar até a qui é Por que em alguma coisa se destacou. Te espero amanha.
    Mônica saiu feliz e rindo da situação, mas o que ela não podia negar é que além de uma sauna a sala do diretor ainda ficou com um cheiro muito desagradável.
    No dia seguinte Mônica foi trabalhar, mas dessa vez com uma calça jeans, e tudo ficou bem, logo ela se destacou na empresa e passou para editora.

    GISELLE VILELA

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  4. Sai dalí correndo feito louca. Entrei em um banheiro do posto de gasolina da esquina do Jornal. Quase desidratei de tanto chorar.
    - E aquele sujeito ainda fala que meu "cartão de visita" está errado... Logo hoje que acordei cedo e me produzi toda... Se o maldito buzão não tivesse atrasado... Se aquela criatura inútil não tivesse tropeçado em mim... Talvez eu estivesse agora trabalhando no Jornal...
    Enfim, sai do banheiro. Decidi ir a pé para casa para esfriar a cabeça. O "perfume francês" que exalava dos meus joelhos devia estar incomodando quem passava do meu lado. Todos me olhavam e faziam caretas. Me senti um lixo.
    Quando cheguei em casa, eis que caio para trás (no sentido figurado, é claro, seria muito azar cair duas vezes no mesmo dia). O quadrúpede inútil que tropeçou em mim é meu vizinho e eu nem sabia... Também só chegava tarde da faculdade e trabalhava o dia inteiro... Assim não dá mesmo para observar os vizinhos.
    Tive um pensamento maquiavélico. O diabinho de um lado me falava: "Você tem que aprontar uma com esse cara!". Mas o anjinho me dizia o contrário. Decidi dar férias para o anjinho. O “inútil” não me viu e também se tivesse me visto não iria lembrar que me deixou estatelada no chão. Passei o dia todo mirabolando a “brincadeirinha” que iria fazer com ele.
    Como sou uma jornalista ultra-mega-power-antenada, imediatamente fiz uma comunidade no Orkut com uma foto que tirei dele. No meu dia de paparazzi, tive que subir no pé de manga e observar os hábitos dele. E ele como é “tapado e inútil” (só para não perder o costume...) não me viu. Percebi que o “inútil” segurava um saco de ração e imediatamente tirei a foto. Acho que ele ia dar comida para o imenso Pit-Bull que me assustou quando ia descer.
    A Comunidade Vizinho Inútil: Eu te amo, está bombando. Realmente, devo ter caído de novo... Só que de amores... A comunidade que criei não era essa... Mas depois que ele descobriu e veio tirar satisfações, expliquei o que aconteceu. Começamos a nos entender agora...
    Ah! E o Jornal? Não contei ainda. O editor mal-encarado foi demitido. A nova editora gostou do meu “cartão de visita”. Dessa vez nenhum cachorro me atrapalhou. A cada dia que passa “mergulho em mares mais profundos” do Jornalismo. Agora sim entendo o que aquele homem quis dizer. De foca agora sou peixe.

    Ass: Mônica :)

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  5. Por Michelly Mayara...

    PARTE 1

    Tudo é aprendizado. Sim, não fui contratada porque caí em cima da bosta do cachorro na rua. E agora não dava pra matar nem o cachorro que defocou naquele lugar nem o bruto que me jogou no chão.
    Mas... tudo é aprendizado.
    Dias depois mais um telefonema e lá vou eu, desta vez um cargo em acessoria de imprensa de um partido político. Amanhã é minha admissão, logo às oito da manhã, mas esperta como sou, sei que os ônibus sempre atrasam e estão lotados, chegarei um trapo ainda pior que da vez anterior, portanto, irei hoje mesmo e passo a noite em uma pensão por perto de onde possa ir a pé e me recompor.
    Na bolsa, roupas limpas e maquiagem, além de algum trocado. Não vale a pena contar os desatinos vividos dentro do ônibus, quem usa este meio de transporte sabe que cada viagem é uma aventura e tanto.
    Endereço correto, a sede do partido é logo ali. Já são vinte e três horas.
    Andei, andei, "que perigo este bairro" e nada de pensão por aqui. Tudo bem, meia noite e avisto uma luz logo ali... êba um hotel! Quer dizer... motel, mas tudo bem. Afinal preciso dormir pra não ficar com olheiras amanhã.
    Na recepção:
    - Só temos uma vaga e está reservada para um senhor que deve chegar em meia hora. - diz
    - Não há nenhum cantinho ou qualquer lugar que eu possa passar a noite?
    - Dormir é pra hotel, se você vem em um motel o serviço é...
    Antes que ela terminasse de falar chegou um homem barbudo com barriga de cerveja e disse à recepcionista:
    - Eu não tenho companhia pra hoje, você não tem ninguém em vista?
    Então ela olha pra mim como quem diz: "Sua última chance!" Quando percebi os olhos do homem estavam me analisando e ele já mordia os lábios.
    - Pago muito bem.





    FINAL

    Não vou negar que o dinheiro oferecido por ele era tentador, mas não foi por isto que cedi aos seus "encantos". Eu simplesmente precisava dormir e esperava que isto acontecesse. Mas o homem estava fogoso e simplesmente não me deixou dormir, tamanha sua empolgação.
    Tive oportunidade de cochilar quando acordei assustada: Nove da manhã!
    Me arrumei rapidamente tentando disfarçar o sono e o cansaço, sai aos tropeções pela recepção. O senhor gordinho já tinha saído não imagino a quanto tempo.
    A sede do partido político era logo na rua paralela, cheguei lá, atrasada, mas cheguei, a recepcionista disse que não havia problema algum. Entrei na sala do político que se Deus quiser iria me contratar agora.
    Sentei amolecida na cadeira em sua frente engolindo seco. O político era o mesmo gordinho barbudo da noite passada. Tão grande foi a surpresa dele também.
    - Mas você quer passar de prostituta a jornalista? Temos que manter uma imagem e o histórico da nossa jornalista não pode ser obscuro ou como o seu.
    - Eu fiz isto só pra não atrasar. Moro longe.
    Mas não deu certo, aquele homem já não era o mesmo. Estava irredutível quanto à moral e aos bons costumes. Era de se esperar... "políticos!.."
    Duas semanas depois, a terceira chance e eu não iria perdê-la.
    Na nova entrevista, desta vez para a redação de uma revista local me saí muito bem e fui contratada.
    Sim, eu cresci lá dentro, trabalhei durante bom tempo, ganhei experiência, mas sabe o que me tornou um peixe... não foi só a experiência positiva do bom emprego, que acabou ficando massante e repetitivo, mas foram experiências trágicas como as passadas...

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